
História da Cidade
A história de Capelinha nos remonta ao ano de 1809, quando Manoel Luiz Pêgo, um descendente de portugueses, juntamente com sua família, fugindo de índios Aranãs ( Grupo indígena pertecente aos Botocudos), acabou por se estabelecer juntamente com sua família à beira do córrego Areão.
A decadência da mineração em Minas Gerais, ao final do século XVIII, foi um dos fatores que desencadearam a expansão do povoamento do território mineiro. Assim, no limiar do século XIX, muitos eram os que vendiam parte de seus escravos na região de Minas Novas para se internarem pelas matas nas adjacências de Alto dos Bois e vales dos rios doce e Mucuri, com o objetivo de aí se estabelecerem com fazendas de criação de gado e lavouras em geral.
Em 1801, Manuel Luiz Pego se instalou nas proximidades de um córrego localizado no atual município de Capelinha e que hoje tem o seu nome. As terras que pretendia ocupar, em uma grande extensão, faziam limites com outras terras ocupadas pelos temíveis índios Botocudos, amplamente espalhados pelo vale do rio Doce. Em 1808, estando no Brasil, D. João VI (rei de Portugal) instituiu uma lei declaratória de guerra ofensiva contra a nação dos índios Botocudos, com a finalidade de exterminá-los e explorar as riquezas existentes em suas terras. Para tanto o rei criou Divisões Militares em todo o vale do rio Doce e perseguiu cruelmente as tribos. Acuados, os índios debandaram-se em direção principalmente do Mucuri e Jequitinhonha. Nessa sua fuga, por onde passavam vingavam-se dos colonos, ora tirando-lhes a vida e a de seus familiares, ora incendiando roças e pastos. Manuel Luiz Pego, ao tomar conhecimento dessa debandada dos índios, retirou-se da fazenda há pouco estabelecida e, juntamente com os familiares e amigos, instalou-se às margens do córrego Areão, exatamente onde se encontra hoje a cidade de Capelinha.
Após a morte de Manuel Luiz, provavelmente em 1812, seu filho Feliciano Luiz Pego recebeu por herança a fazenda do córrego Areão. Nesse mesmo ano, mandou construir uma humilde capela dedicada a Nossa Senhora da Graça. As pessoas da região começaram então a denominar a fazenda de Capelinha. Muitos moradores foram se mudando para as proximidades, fazendo nascer o arraial, que se desmembrou de Minas Novas, pela Lei n.566, de 30 de agosto de 1911. A instalação do município, porém, só se deu a 24 de fevereiro de 1913, daí ser esta a data máxima que se comemora em Capelinha. Não havia nessa ocasião o regime de Prefeituras, só instituído em 1930 por Getúlio Vargas, e os municípios eram administrados por um Agente Executivo foi o senhor Antônio Pimenta de Figueiredo. O primeiro Prefeito Municipal, nomeado após a Revolução de 1930, foi o senhor Jacinto José Ribeiro.
O município de Capelinha localiza-se na região nordeste de Minas, no Vale do Jequitinhonha, tendo como base econômica a agricultura e o comércio. Seu principal produto de exportação é o café. É sede da 37. Delegacia Regional de Segurança Pública, de residência do DER e Escritório Regional da Emater.
[editar] História do Café em Capelinha
A implementação da cafeicultura na região de Capelinha deu-se devido a uma conjuntura de fatos ocorridos por volta de 1975.
Naquela época, uma fortíssima geada atingira São Paulo, Paraná e o sul de Minas. A cidade de Machado, município localizado no sul de Minas, era uma das áreas de maior renovação de café do Brasil em 1972, ocupando todas as terras disponíveis e deixando vários cafeicultores à procura de outras áreas para plantar. A isto, juntou-se o problemas da geada ocorrida no ano de 1975, obrigando os cafeicultores a procurarem outras áreas para o plantio de café.
Esta tarefa ficou incumbida ao Sr. Walter Palmeira, ex-prefeito de Machado, que havia terminado o mandato eletivo em janeiro de 1973. Dirigia-se para o Triângulo Mineiro a procura de novas áreas quando ficou sabendo que no Vale do Jequitinhonha havia alguns chapadões onde plantava-se eucaliptos e que o governo federal tencionava liberar para o plantio de café. O Sr. Walter Palmeira resolveu ir conhecer estas áreas para ver se realmente eram boas para o plantio de café. Em Diamantina, procurou pelo agrônomo do IBC, mas o mesmo encontrava-se em Belo Horizonte para saber se realmente aquela região de chapada seria liberada ou não para o plantio. Dirigiu-se então, juntamente com o Sr. Alair Alves Campos, enfrentando estradas de terra de difícil acesso e visitando os municípios de Carbonita e Itamarandiba. O Sr. Walter Palmeira voltou para Diamantina desanimado com as terras de chapada que vira, apesar de serem baratas. Lá, encontrando-se com o agrônomo do IBC, ouviu deste que infelizmente a região não havia sido liberada para o plantio de café, mas que em Água Boa havia áreas com financiamento para a cafeicultura e, além do mais, havia samambaia. Esta, por gostar de terrenos fracos, ácidos e porosos é um prenúncio de que a terra é propícia ao plantio de café, porque a samambaia exige um clima ameno, fresco e úmido para o seu desenvolvimento.
Depois de muito relutar, o Sr. Walter Palmeira resolveu visitar a região de Capelinha, propriamente a região compreendida entre os municípios de Capelinha e Água Boa. Chegando na região ele logo entusiasmou-se porque viu que realmente era uma região onde havia muita samambaia, cerca de 15 a 20 km saindo de Capelinha com sentido a Água Boa. Qual foi a sua surpresa quando, no distrito de Resplendor, que divide os municípios de Capelinha e Água Boa, viu uma lavoura de café formada e muito bem tratada. Esta lavoura pertencia ao capelinhense Dr. Jeová Lopes e o Sr. Valter Palmeira encantou-se porque corria o mês de julho, e nesta época, as lavouras não são muito bonitas. Voltando a Capelinha, o Sr. Walter Palmeira começou a ser assediado pelos fazendeiros da região para que comprasse as terras destes, principalmente por saberem que ele havia sido prefeito de Machado e era cafeicultor. Usando da prudência, o Sr. Walter e o Sr. Alair ainda visitaram algumas outras lavouras formadas pelos Srs. Maurício Pimenta, Gentil Fernandes, José Maria de Oliveira Neves, José de Oliveira Martins e outros mais. Cada vez mais impressionava-se com o capricho destas lavouras que, apesar de pequenas, eram muito bem cuidadas.
Voltando para Machado, o Sr. Walter Palmeira contatou o agrônomo do IBC, o Dr. José Leite e o seu amigo e climatologista do IAC-Campinas-SP, o Dr. Ângelo Paes de Camargo para fazer um mapeamento da região. Logo obteve respostas de que em Capelinha era viável ao plantio de café, principalmente nas áreas de samambaia, uma vez a altitude e o efeito orográfico (massa de ar vinda do oceano) que instala-se na região, causa muita queda de neblina fazendo com que a umidade relativa do ar permaneça elevada, compensando a falta de chuvas. E o mais importante: a região é livre de geadas.
Tranqüilizado sobre as condições climáticas, quanto as questões de fertilidade do solo o Sr. Walter não se preocupava, pois estava acostumado a cultivar em cerrado, o que é bem pior do que os solos da região. Quinze dias depois, o Sr. Walter Palmeira, em companhia do agrônomo José Leite, retorna a Capelinha adquirindo terras e aconselhando aos fazendeiros daqui que não vendessem as suas terras e quem não tivesse, que comprasse. Com ele vieram inúmeros cafeicultores da região de Machado, dentre eles: Alair Alves Campos, Sebastião Tardiolli, Laércio Campos, Mileco.
As terras adquiridas pelo Sr. Walter ficam no distrito de Resplendor no município de Água Boa, divisa com Capelinha. A maioria dos cafeicultores que chegaram também se estabeleceram nesta região porque Água Boa pertence ao Vale do Rio Doce e já contava com financiamento para o café.
Mas o Sr. Walter Palmeira, incansável na sua luta pela cafeicultura, não se acomodou. Devido a região ser o divisor de águas dos Vales do Jequitinhonha e Rio Doce usou de usa influência junto ao Dr. José de Paula da Motta Filho, diretor de Produção do IBC, solicitou o reestudo de novos parâmetros para incluir Capelinha como área financiável, tendo em vista que a sua propriedade estava justamente na divisa com Água Boa, mas que beneficiaria inúmeros outros produtores.
Solicitou ao prefeito de Capelinha na época, o Sr. Newton Ribeiro e ao Sindicato Rural ofícios e assim vieram fazer o reestudo da área o Dr. Ângelo Paes de Camargo, climatologista, o Dr. Alfredo Kupper, engenheiro agrônomo especialista em solos e o Dr. Alcides Carvalho, geneticista. E assim, a área foi estendida até um local denominado Paiol Velho e pouco a pouco expandiu a todo o município de Capelinha.
Esta foi uma das grandes vitórias do Sr. Walter Palmeira para a cafeicultura local, porque assim abriram-se financiamentos para o cultivo do café. Por sinal, nesta época, foi o melhor financiamento agrícola já existente neste país, com juros baixos e sem correção monetária e 04 anos de carência.
Se por um lado o financiamento favoreceu a lavoura, por outro muitos cafeicultores advindos de Machado não conseguiram prosperar porque passaram a utilizar o dinheiro do financiamento indevidamente, deixando a vaidade se apossar. Lentamente, os fazendeiros da região que não venderam as suas terras foram começando a acreditar na viabilidade do café. Muitos chegaram a vender suas terras pensando estar enganando os cafeicultores de Machado. Não por falta de alerta do Sr. Walter Palmeira, como bem lembra o ex-prefeito de Capelinha, Sr. Maurício Pimenta. O Sr. Walter sempre frisava que o café era uma indústria sem chaminés e ajuda na distribuição de renda da região.
Alguns anos depois chegaram os portugueses por intermédio de Dr. Onofre Braga de Faria. A maioria destes portugueses eram cafeicultores em Angola e como este país passava por uma revolução, vieram a se estabelecer em Vila dos Anjos, hoje tornando-se a cidade de Angelândia.
[editar] Geografia
Localizada a mais de 900 metros de altitude, é famosa pelo intenso frio no inverno, o que atrai relativo número de turistas em sua principal festa, a Capelinhense Ausente.E ainda a maior e melhor festa da região sendo palco de artístas de renome na música brasileira, como Titãs, Victor e Léo, Marcelo D2, Tomate(Rapazolla), Cidade Negra, dentre outros
[editar] Economia
A Economia da cidade de Capelinha tem sido expandida consideravelmente nos últimos anos devido os altos investimentos na área agrícola, em especial nas monoculturas de café e Eucalipto que geram ao município uma grande parcela de seu PIB.
[editar] ArcelorMittal Jequitinhonha
Em 1974, a ArcelorMittal Jequitinhonha (Antiga Acesita Energética) iniciou os primeiros plantios de eucalipto no Jequitinhonha, com o objetivo de abastecer com carvão vegetal os altos fornos da Usina Siderúrgica da ArcelorMittal Inox Brasil (Antiga Acesita S.A., em Timóteo.
A chegada da Arcelormittal Jequitinhonha na região trouxe inúmeros benefícios para a região, principalmente para os municípios onde ela atua.
Com a Arcelormittal, milhares de empregos foram criados e parte dos impostos e recursos gerados pela atividade econômica da empresa foram investidos em obras de infra-estrutura e na melhoria dos serviços de atendimento à população, com destaque para a educação, saúde e lazer, melhorando a qualidade de vida nesses municípios.